Feira de São Cristóvão entre o 'raiz' e o 'moderno'
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Entrada da Feira de São Cristóvão |
A Feira de São Cristóvão sempre foi um pedaço do Nordeste dentro do Rio. Eu, como filho de nordestino e alguém que cresceu rodeado por essa cultura na família paterna, sempre vi a feira como um espaço de identidade e pertencimento. Lá tem de tudo: comida boa, forró, artesanato e aquele clima de interior. Mas, com o tempo, a feira foi mudando. Ainda dá pra sentir a essência do Nordeste e é maneiro ver que o espaço tá aberto pra todo mundo, porque a diversidade é importante. Só que, ao mesmo tempo, é estranho ver a feira se transformando tanto, se "perdendo" nesse processo de tentar agradar um público maior.
No início, a feira era um ponto de encontro dos nordestinos que vieram pro Rio. Um lugar pra matar a saudade de casa, comer um baião de dois decente e ouvir um forrozão de verdade. Com o tempo, o espaço foi organizado e virou um centro cultural oficial, o que trouxe algumas melhorias, mas também mudou o jeito como a cultura era vivida ali. A Feira de São Cristóvão tem uma história longa, completando 70 anos em 2015, com suas raízes ligadas à migração nordestina para o Sudeste do país (Agência Brasil, 2015).
A possível "branquialização" da feira começou quando ela passou a se moldar para um público mais amplo, principalmente turistas e cariocas que não têm tanta conexão com a cultura nordestina. Com o avanço das redes sociais, como TikTok e Instagram, a feira foi ficando ainda mais popular, atraindo um público maior e diversificado. Isso pode ter acelerado algumas mudanças meio esquisitas. A comida, em muitos casos, parece ter sido suavizada, com alguns pratos adaptados pra não "assustar" quem não tá acostumado com os temperos fortes. Não experimentei todas as opções, mas a sensação é que o sabor foi modificado pra agradar a um público mais amplo. O improviso das rodas de música foi dando lugar pra uma programação mais controlada, com shows que parecem feitos mais pra agradar do que pra manter a tradição viva. Até o público mudou, e, ao que parece, muita gente que frequentava a feira antigamente foi se afastando, possivelmente por conta de aumentos nos preços e da perda daquele clima original.
Mesmo com essas mudanças, a feira ainda resiste. Ainda dá pra encontrar restaurantes raiz, barracas vendendo produtos típicos e o forró rolando, mas é um equilíbrio complicado. A ideia de abrir o espaço pra mais gente faz sentido, e as redes sociais ajudaram nisso, mas quando a cultura começa a ser diluída pra caber nesse público maior, perde-se um pouco da essência.
A Feira de São Cristóvão continua sendo um dos pontos mais importantes da cultura nordestina no Rio, mas não dá pra negar que muita coisa mudou. É maneiro ver mais gente conhecendo e curtindo, mas também é estranho ver o jeito que o lugar tá se transformando pra se encaixar em um público que nem sempre entende ou respeita a cultura nordestina do jeito que ela realmente é.
No geral, foi uma experiência muito boa! Desde as bebidas até as comidas, tudo foi incrível. O ambiente é acolhedor, e é ótimo ver tantas iniciativas culturais ganhando força. Valeu muito a pena cada visita, e com certeza voltaria para explorar ainda mais!
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