Arte e pertencimento: Entre rimas e reflexões
📍 R. Pres. Kenedy, 41 - Morro Agudo, Nova Iguaçu - RJ, 26280-485
Ao visitarmos ao Instituto Enraizados, localizado em Morro Agudo, fomos recebidos por três pessoas incríveis: Dudu de Morro Agudo, Baltar e Dorgo. Eles nos acolheram super bem,e logo nos sentimos à vontade. Esses três profissionais atuam diretamente no Enraizados com a criações do rap, e foi incrível poder conhecer mais sobre esse universo com eles.
A visita foi feita pela turma 2024.2 de Produção Cultural do IFRJ de Nilópolis. Assim que chegamos, fomos apresentados ao RapLab, uma iniciativa sensacional que promove a produção de conhecimento em rede por meio do rap. A ideia é estimular a criação artística e a formação política dos participantes, organizando encontros onde jovens de diferentes regiões do Brasil criam músicas coletivamente, refletindo sobre suas realidades e experiências. O projeto tem como criador Dudu de Morro Agudo, que é um artista multifacetado, reconhecido como rapper, educador popular, produtor cultural, produtor musical, escritor, mestre e doutorando em educação pela Universidade Federal Fluminense. E poder vivenciar esse processo de perto foi muito enriquecedor.
Uma das partes mais marcantes da visita foi a experiência de criar um rap junto com meus colegas. Primeiro, aconteceu um debate sobre a metodologia de ensino nas escolas, onde cada um trouxe suas percepções e reflexões. A discussão nos permitiu analisar o sistema educacional não apenas sob a visão prática, mas também em um contexto mais amplo. Podemos perceber como a cultura influencia diretamente nossas experiências e estruturas sociais, inclusive na forma como aprendemos e nos expressamos.
Além disso, ficou claro como a identidade e a ocupação dos espaços influenciam a criação artística. O rap, enquanto manifestação cultural, nasce do contexto territorial e da vivência coletiva, tornando-se uma ferramenta potente de pertencimento e resistência.
Após o debate, escolhemos palavras-chave que resumiam as ideias principais da discussão. A partir dessas palavras, fomos montando frases até que, no final, o rap tomou forma. Foi um processo incrível porque, além de divertido, mostrou como o rap pode ser uma ferramenta poderosa de expressão e reflexão coletiva.
Posteriormente à criação do rap, aconteceram gravações tanto individuais, quanto coletivamente. Sem dúvidas, foi uma experiência ímpar que ficará marcada para todos nós.
Samuel Gomes:
Faço rap desde 2012 e, desde então, acompanho a cena. Sempre vi o rap como algo diferenciado, mas raramente tratado como especial. Nos últimos anos, ele tá ganhando mais espaço, chegando em eventos e festivais gigantes. Mesmo assim, bateu um receio de participar do RapLab. Depois de tanto tempo nessa cultura, achei que seria mais do mesmo. Mas estava errado. O projeto do Enraizados vai muito além de só falar de rap, e isso é incrível porque é um jeito diferente de apresentar nossa cultura pra geral. O esquema de criação, as trocas de ideia antes da escrita... tudo é muito bem pensado e superou minhas expectativas.
Antes de começar a criar, Dudu comentou que, pra quem já faz rap, o processo ia ser mais difícil por causa da dinâmica. A gente, MCs, tem o costume de escrever uma linha já pensando na próxima rima e ir encaixando as frases até ficar redondo. No RapLab, o esquema é diferente: primeiro, escolhemos dez palavras soltas, depois montamos frases com elas pra formar uma rima. Parece fácil, então aceitei o "desafio". No fim, fui um dos que menos participou, porque lia uma palavra e já pensava na que rimava, e não na estrutura toda. Mas o rap que criamos ficou brabo. Pude sentir a energia da galera que tava fazendo isso pela primeira vez e me vi lá em 2012 de novo, empolgado com tudo.
Enquanto a música tava sendo lapidada pelo Dudu, a gente ensaiava junto com ele. Depois veio a gravação. Ele gravou primeiro, pra gente ter uma base e conseguir decorar a letra. Depois, todo mundo gravou junto e, no final, cada um gravou sua parte separada. Curti muito participar do RapLab. Mesmo sendo longe de casa, valeu muito a pena ver o esforço deles pra levar o rap pras escolas com oficinas e tudo mais, incentivando mais gente a se jogar nesse mundo.
Daniella Oliveira:
Arte e pertencimento: Minha experiência no Enraizados
Na visita ao Instituto Enraizados, em Morro Agudo, fui muito bem recebida por Dudu de Morro Agudo, Baltar e Dorgo. O projeto RapLab, que promove a criação artística e a reflexão política por meio do rap, foi apresentado a nós. O objetivo é juntar jovens de diferentes lugares para criar músicas que refletem suas realidades.
Uma parte marcante foi o debate sobre a metodologia de ensino nas escolas, que nos ajudou a refletir sobre como a cultura e identidade influenciam nosso aprendizado. Depois, criamos a letra de um rap juntos, escolhendo palavras que resumiam nossas ideias.
Quando chegou a hora de gravar, fiquei nervosa. Estava confortável gravando com meus colegas, mas sozinha, me senti insegura, pois não tenho muito contato com o rap. Apesar disso, foi uma experiência única e algo que vou lembrar para sempre.
O rap, como forma de arte, é uma ferramenta poderosa para dar voz às nossas vivências e lutas.
Guilherme Quinelato:
A visita ao Instituto Enraizados foi uma experiência enriquecedora, principalmente por poder mergulhar no universo do rap com Dudu de Morro Agudo, Baltar e Dorgo. Através do projeto RapLab, fomos introduzidos a um processo criativo coletivo que não só incentiva a produção musical, mas também promove reflexão política e social. Criar um rap em conjunto com os colegas, a partir de discussões sobre temas como a metodologia educacional, foi uma oportunidade única de aprender e compartilhar ideias de maneira expressiva.
A dinâmica do RapLab, que foge do tradicional e desafia até quem já tem experiência com rap, me fez perceber como a música é uma forma poderosa de resistência e pertencimento. A troca de ideias e o debate sobre nossa realidade antes da criação musical mostrou como o rap pode ser uma ferramenta de reflexão profunda sobre as nossas experiências e identidades. Foi um processo divertido e educativo, que nos conectou ainda mais com a arte e com o poder da coletividade.
Sem dúvida, essa vivência no Enraizados foi um marco na nossa jornada acadêmica e pessoal, ampliando nossos horizontes e reforçando o impacto do rap como uma expressão legítima da cultura brasileira. A energia do grupo e o esforço de todos para tornar o rap uma ferramenta educativa em escolas são aspectos que tornam o projeto ainda mais significativo.
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